Soneto do assento 104

Três horas sobre trilhos, deslizando
Vou passando sobre vidas corriqueiras
As paisagens rotineiras na janela
Misturam montes, cidadelas, cordilheiras.

Nesse trem, de banco fofo e passo rápido
Não desapercebo nada, quem me dera
Meus olhos, fixos lá fora. Assim não era
Nas viagens mais distantes de outrora.

Entre estações, coníferas e moinhos
Meu destino se aproxima e me arrepio
Logo mais o trem já para, e eu agradeço

Às paisagens que eu contemplei sozinho
Mas assim não era outrora, estou vazio
O calor que eu tinha antes, não mereço.

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