Segue a sequência

Nessa sequência maluca
De caminhar olhando pro alto
Vendo árvores seminuas
Paisagens tão frias e cruas
Sem sal, sem tempero, sem cheiro
Sem pé, sem cabeça ou espelhos.

Nessa sequência infinita
De explorar as margens do rio
Com estranhos que passam sorrindo
Em seus agasalhos volumosos
Sob a lua que sobe mais lenta
E não chega ao céu a tempo
De iluminar o marron dos seus olhos.

Nessa sequência rasteira
Dessas águas que correm nos cantos
Dessa rua que de tão rotineira
Me traz memórias de um outro dia
O dia que aprendi seus encantos
Afloraram-se de tal maneira
Que transponho o que tenho em poesia.

Nessa sequência caótica
De pensar sem seguir uma linha
De escrever sem travar em uma rima
Vou calculando o próximo passo
Faço o que devo ou faço o que acho?
Rego a parreira ou colho seus cachos?
Encosto em ti ou sigo a minha sina?

Nessa sequência falível
Chego a pensar que é injusto
Saber que o que se passa é cruel
Ou difícil, ou ainda impossível
Só queria meu mundo de leite e mel
Onde tudo seja visível
Onde eu seja feliz a qualquer custo
Onde possa andar devagar, ainda olhando pro céu.

Segue essa sequência.

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